Cognac, o “primo” destilado
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- Categoria: a história do vinho
Poucos sabem, mas Cognac é uma denominação de origem controlada da região francesa de mesmo nome, ao norte de Bordeaux. “Primo” do vinho, o Cognac é fruto da bidestilação do vinho branco em alambiques de cobre, seguida por envelhecimento em barris de carvalho.
No início do século XVII, a destilação dupla fez a sua aparição na França, permitindo o transporte da bebida por mar, sem danos, o que transformou os vinhos locais em eau-de-vie (literalmente, "água da vida"). Os atrasos na movimentação de carga dos navios levaram à conclusão de que a bebida melhorava de acordo com o tempo em barris de carvalho. E, assim, nasceu o Cognac, que, dada a sua concentração, também é muito mais barato para transportar, qualidade considerada muito importante para a época.
Conforme decreto de 1936, somente as seguintes variedades de uvas podem ser utilizadas na produção da Denominação Controlada Cognac, Eau-de-vie de Cognac e Eau-de-Vie des Charentes: Colombard, Folle Blanche, Jurançon blanc, Meslier Saint-François, Montils, Sémillon e Ugni Blanc, além de Folignan e Sélect (desde que representando um máximo de 10% das plantações).
Também está prevista em lei a delimitação de área de produção de Cognac, composta por seis regiões, sendo que esta informação muitas vezes consta do rótulo: Grande Champagne (próxima à própria cidade de Cognac), Petite Champagne (ambas sem nenhuma relação com a região onde o famoso Champagne é produzido), Borderies, Fins Bois, Bons Bois e Bois Ordinaires (ou Bois à Terroir).
Para que um Cognac possa ser comercializado, ele deve ter envelhecido em carvalho por pelo menos dois anos, contados a partir do final do período de destilação. Uma vez engarrafado, um Cognac, ao contrário do vinho, não evolui mais. O Cognac recebe uma classificação, conforme a idade do eau-de-vie mais novo incorporado ao blend:
V.S. (Very Special) ou 3 estrelas: envelhecimento mínimo de 2 anos.
V.S.O.P. (Very Superior Old Pale) ou Reserva: envelhecimento de, pelo menos, quatro anos.
Napoléon, X.O (Extra Old) ou Hors d'âge: envelhecimento de ao menos seis anos.
De modo geral, são usados eaux-de-vie muito mais velhos do que o requisito mínimo para suas misturas. Na verdade, os exemplares de maior prestígio podem ter envelhecido durante dezenas de anos em cascos de carvalho antes de serem apresentados ao público.
Esse longo trabalho de amadurecimento do Cognac, que pode durar décadas, é possível graças à porosidade da madeira, que permite contato indireto entre o líquido dentro do barril e o ambiente fora dele. Com esse contato, as substâncias extraídas da madeira, conhecidas como "extratos secos", alteram a aparência física do Cognac, dando-lhe uma cor que varia do amarelo-dourado ao marrom-avermelhado.
A transferência das características naturais do carvalho produz aromas gradualmente com o tempo, desenvolvendo o buquê. Os principais aromas que caracterizam o Cognac são: baunilha, ameixa, caramelo, laranja e damasco.
Para apreciar esses incríveis aromas, com maior destaque para o sabor e não para o álcool, alguns sommeliers sugerem dispensar o tradicional copo de Cognac em formato de balão, e optar por uma taça-tulipa pequena. De qualquer modo, sirva-o à temperatura de 19°C.
E aí? Você conhecia o “parentesco” entre o vinho e o Cognac?
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